domingo, 28 de junho de 2009


Encontra-se sempre, aqui e ali, algum semi-deus que consegue viver em condições terríveis, e viver vencedor! Quereis ouvir os seus cantos solitários? Escutai a música de Beethoven.
Nietzsche

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ouvindo Beethoven














Venham leis e homens de balanças,
mandamentos d'aquém e d'além mundo.
Venham ordens, decretos e vinganças,
desça em nós o juízo até ao fundo.

Nos cruzamentos todos da cidade
a luz vermelha brilhe inquisidora,
risquem no chão os dentes da vaidade
e mandem que os lavemos a vassoura.

A quantas mãos existam peçam dedos
para sujar nas fichas dos arquivos.
Não respeitem mistérios nem segredos
que é natural os homens serem esquivos.

Ponham livros de ponto em toda a parte,
relógios a marcar a hora exacta.
Não aceitem nem queiram outra arte
que a prosa de registo, o verso acta.

Mas quando nos julgarem bem seguros,
cercados de bastões e fortalezas,
hão-de ruir em estrondo os altos muros
e chegará o dia das surpresas.


(José Saramago)
In "Os Poemas Possíveis", 1966

Beethoven
















Jamás dolor más noble
vibró en la fibra!
Así insonora vibra
el alto roble!
Era Beethoven
dolor siempre sonoro
y siempre joven!

Franz Tamayo












O texto é uma adaptação do poema de Friedrich Schiller, "Ode à Alegria", feita pelo próprio Ludwig van Beethoven.

"Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até à morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!"


parte do verso da Ode à Alegria, de Friedrich Schiller, utilizado por Ludwig van Beethoven.

Beethoven





























Beethoven, Beethoven!
Surdo fostes.
Mas de música, composições deixastes,
Que nossos ouvidos, no tempo ouvem...

Tua música, tem alto som,
Que não chegou a teus ouvidos.
Mas com esse teu dom!
Céu e terra unidos...

No tempo, espaço e eternidade,
Tu, homem e anjos a Deus louvam...
Com plena liberdade...!

Essa música, afinal é d´ele.
Vem da sua eterna verdade...
Ele eternamente, reinará...
Está vindo, num cavalo branco. Sim! O de Apocalipse, aquele!


HELDER DUARTE
























A música é maior aparição do que toda a sabedoria e filosofia.
Beethoven

A surdez de Beethoven não era uma deficiência. Foi uma dádiva dos Céus. Incapaz de escutar as vozes exteriores, estava em condições de ouvir dentro de si próprio a voz de Deus.
Vitaly Margulis









Quem entende a minha música nunca mais será infeliz.
Beethoven


A Música é uma revelação mais profunda que qualquer Filosofia.
Ludwig Van Beethoven




















Milhares de pessoas cultivam a música; poucas porém têm a revelação dessa grande arte. Beethoven
































A música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia.
Beethoven























A Nona Sinfonia foi o pesadelo de todos os compositores que vieram depois de Beethoven. Eles a tomaram como um ideal a ser alcançado. Depois perceberam que era uma tarefa impossível. "
Claude Debussy

domingo, 14 de junho de 2009

Beethoven Surdo


Surdo, na universal indiferença, um dia,
Beethoven, levantando um desvairado apelo,
Sentiu a terra e o mar num mudo pesadelo...
E o seu mundo interior cantava e restrugia.

Torvo o gesto, perdido o olhar, hirto o cabelo,
Viu, sobre a orquestração que no seu crânio havia,
Os astros em torpor na imensidade fria,
O ar e os ventos sem voz, a natureza em gelo.

Era o nada, a eversão do caos no cataclismo,
A síncope do som no páramo profundo,
O silêncio, a algidez, o vácuo, o horror no abismo...

E Beethoven, no seu supremo desconforto,
Velho e pobre, caiu, como um deus moribundo,
Lançando a maldição sobre o universo morto!

Olavo Bilac













Em 1825, já completamente surdo, Beethoven foi assistir a um ensaio fechado de um grupo que iria executar o seu Quarteto. Um dos violinistas, Joseph Böhm, registrou o episódio: “Ele estava tão surdo que não podia ouvir o som celestial das suas próprias composições”. Para espanto de todos, porém, Beethoven chamou a atenção do grupo para os menores erros de execução. “Seus olhos seguiam os arcos, e assim ele era capaz de notar as menores flutuações no tempo ou no ritmo, e corrigí-las na hora”, anotou Böhm.
Conta-se que um dia Beethoven foi visitar o irmão mais novo, Johann, que a essa altura era um homem rico. Na entrada da mansão, um criado ofereceu-lhe, numa salva de prata, um cartão de visitas onde estava escrito: “Johann van Beethoven, proprietário de terras”. O compositor pegou o cartão e, instantes depois, devolveu-o ao criado, após escrever no verso do papel a seguinte anotação: “Ludwig van Beethoven, proprietário de um cérebro”.




















Toda vez que o jovem Beethoven estudava violino, uma pequena aranha descia de sua teia e parava em cima de uma mesa, onde ficava escutando Beethoven tocar. Beethoven se encantava com a presença do inseto, até que um dia, sua mãe ao ver a aranha se assustou e esmagou-a. O jovem Bethoven ficou tão desolado, que parou de tocar violino.


Em algumas ocasiões, Beethoven despejava água gelada em sua cabeça, garantindo que isso estimulava o cérebro.
Não existe verdadeira inteligência sem bondade.
Ludwig van Beethoven
O jovem Beethoven aprendeu vários instrumentos como o violino, a viola, o órgão e o piano. Se por um lado sua formação musical era esmerada, por outro lado, no colégio, Beethoven foi um aluno mediano, fato decorrente da resolução de Johann tornar seu filho outro Mozart. As falhas de aprendizado podem ser atestadas por suas cartas, que continham inúmeros erros ortográficos. Este problema foi minimizado com a ajuda de amigos e também porque Beethoven se tornou autodidata, conseguindo na idade adulta, adquirir uma cultura razoável. Nesta tarefa foi ajudado por Neefe, que se encarregou pela formação cultural do jovem e iniciou-o no conhecimento dos escritores clássicos e dos poetas modernos, desenvolvendo-lhe o gosto pela boa leitura.

Beethoven







Imagine uma cidade da Alemanha do século XVIII. Imagine uma família de músicos que sobrevivia com dificuldades. Imagine um pai alcoólatra que obriga seu filho a estudar música em detrimento de outros estudos. Imagine o Classicismo imperando em todas as artes. Neste contexto nasce Ludwig Van Beethoven, aquele que é considerado um dos maiores compositores da história e o marco da transição entre o Classicismo e o Romantismo. Não se sabe com exatidão a data de nascimento de Beethoven, mas várias referências citam 16 ou 17 de dezembro do ano de 1770, na cidade de Bonn, na Alemanha, filho de Johann van Beethoven e Maria Madalena Keverich. Do casamento de seus pais nasceram sete filhos, chegando apenas três à idade adulta: Ludwig, Kaspar e Nicolas Johann.